‘Singularidade Gráfica’

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O paradigma gráfico atual na disciplina do Design está continuamente a caminhar para o que vou designar por ‘Singularidade Gráfica’[1]. Em termos leigos, o Design parece todo igual. Este fenómeno é resultado da globalização do Design, mais especificamente da normalização do processo de projeto gráfico. Acredito que esta convergência surge de uma adaptação da prática do Design ao paradigma político global que defende uma abordagem economicamente segura, baseada na recolha estatística de casos de sucesso.

Mas eles são casos de sucesso pelo seu resultado gráfico? Ou são casos de sucesso apesar do seu resultado? O resultado gráfico influencia sequer o sucesso do caso?

Esta abordagem não é benéfica ao campo do Design.  A estagnação do campo de estudo surge paralelamente ao ‘Fim da História’ de Hegel, que ocorre assim que atingidas as virtudes de liberdade e razão. Naturalmente, estas virtudes não necessitam de estar estabelecidas para causar o ‘Fim do Design’, apenas serem aparentes. É uma questão política. A aparência de liberdade, bem representada pela infinitude de ferramentas do mundo digital como a inteligência artificial, e razão, igualmente representada pelo fundamento estatístico. A verdade é outra, no entanto. A aparência de liberdade e razão absolutas são falsas, como seria de esperar de qualquer conceito absoluto. Fosse a Vida tão simples. Estas ferramentas não são acessíveis a todos, logo é uma liberdade condicionada (ou seja, não é liberdade), e a razão é contaminada por uma falsa premissa que resulta numa ‘bola de neve’ gráfica como resultado.

Esta falsa liberdade parece já ter sido reconhecida e digna de alguma resposta na forma de incentivos, programas, recursos e tutelagem sociais. E sendo a liberdade um não-assunto do paradigma político atual, apesar do seu estatuto estar claramente ameaçado e em declínio, o problema mais evidente surge no campo da razão. Como é que se explica a um cliente que o logótipo da marca cuja avaliação no mercado é de 2 biliões, que acabou de nos mostrar como exemplo do que quer, não é ‘bom’? Para tudo o resto na empresa, a estatística funcionou. Porque não haveria de funcionar para o Design?


[1] Conceito reformulado do livro ‘La Singularid Radical’ de Mane Tatulyan, que aborda um problema semelhante na Filosofia.


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